O processo pré-eleitoral de Campina Grande este ano está tão confuso e indecifrável que resolvi recorrer ao século XV para tentar compreender tamanho abstrato.
Essa indefinição existente hoje em Campina Grande reside basicamente nas ações misteriosas e enigmáticas do deputado federal Romero Rodrigues (Podemos), apontado pelas urnas e pesquisas como a liderança política com maior densidade eleitoral na cidade.
Já passa de um ano que Romero mantém a atenção da mídia, da classe política e da cidade, todos aguardando seu posicionamento em relação às eleições municipais de outubro.
Toda vez que fala ou se movimenta, Romero gera inúmeras e criativas teorias. Como ninguém, o deputado conseguiu alimentar expectativas no grupo de oposição e na própria base aliada do prefeito Bruno Cunha Lima, seu sucessor.
As falas dúbias e sem clareza provocam no eleitorado ainda mais dúvidas quanto ao que Romero pretende fazer. Tem gente que aposta numa aliança com o governador João Azevêdo, tem outros que estão convictos da permanência dele no grupo Cunha Lima. Alguns mais audaciosos acreditam numa disputa solo do deputado. Há tese para todo gosto e conveniência.
A maneira como Romero conduz esse processo nos faz resgatar o genial trabalho artístico de Leonardo da Vinci ao pintar o misterioso quadro da Mona Lisa, que até os dias atuais, séculos depois, ainda intriga muita gente quanto à sua real expressão.
Resguardadas as proporções, assim como Romero, Da Vinci conseguiu deixar, através de sua obra, uma enorme dúvida em cada pessoa que observa a pintura de Mona Lisa.
As especulações sobre a composição da obra são as mais variadas. Para alguns, Leonardo pintou a mulher ideal, ou a sua própria mãe; outros dizem que ela era sua amante ou de um de seus mecenas.
Já há quem acredite que os traços masculinos do rosto apontam que por trás da identidade da Mona Lisa estaria um auto-retrato do pintor.
Por aqui, mesmo sem o talento da pintura, Romero vai dando forma, cada vez mais enigmática, à sua Mona Lisa.
