No documento do Ministério Público que pediu a prisão do radialista Fabiano Gomes nesta terça-feira (10), está detalhado como ele agia para extorquir investigados na Operação Calvário.
Segundo o relato do Gaeco, a participação de Fabiano Gomes no esquema investigado pela “Operação Calvário”, seria aparentemente exercendo a função de operacionalizador de repasses ilícitos de dinheiro em espécie supostamente controlados, diretamente, pelo então governador Ricardo Coutinho.
Também é destacado que: “Ao que consta, notícias surgiram a respeito de práticas de extorsão por parte de “jornalista” Fabiano Gomes da Silva contra Denylson Oliveira Machado (indicado parceiro de Coriolano Coutinho, na empresa “Paraíba de Prêmios”, da qual é sócio majoritário, segundo dados da Receita Federal), levadas a efeito por meio de mensagens e telefonemas de whatsapp”.
E segue o relato do Ministério Público:
“Para tanto, teria se utilizado, falsamente, do nome do Delegado de Polícia Federal, Fabiano Emídio se Lucena Martins, dizendo-se possuidor de cópia de degravações, supostamente prejudiciais a Denylson Machado”.
“Em depoimento à Polícia Federal, aos 14/02/2019, Denylson Oliveira Machado confirmou a suposta extorsão, relatando ser alvo de graves ameaças lançadas por Fabiano Gomes (muitas delas por mensagens), em razão de sua recusa quanto ao pagamento de valor entendido como “exagerado”, exigido por este investigado para um anúncio publicitário da empresa “Paraíba de Prêmios”, em seu programa jornalístico”.
“Denylson Oliveira Machado afirmou categoricamente haver o suposto grave constrangimento se acentuado após a 7a fase da Operação Calvário, quando Fabiano Gomes teria reforçado as cobranças de dinheiro, sob a promessa de “blindá-lo” (tanto na Justiça, quanto na imprensa) em relação à Operação Calvário, afirmando possuir informações privilegiadas relacionadas às investigações”.
Segue trecho da conversa entre Gilberto Carneiro e Daniel Gomes (da Cruz Vermelha) sobre as supostas extorsões de Fabiano Gomes:
GILBERTO: É! aí esse aqui foi dizer a esse que esse tinha
vetado… esse…
DANIEL: Putz…
GILBERTO: aí esse aqui surtou, sabe? Surtou ai… aí fez
um monte de ameaça e tal… tal… tudo mais… ai… aí
gerou um problema sério e tal… aí eu fui falar com
esse… pra puder…
DANIEL: Claro!
GILBERTO: Ele tava (ininteligível)… aí eu cheguei lá… o que é que tá acontecendo? Ele disse: “não é por que me fuderam… fuderam, me escantearam, eu tô fudido, tô passando fome, não sei o quê, eu tava certo… eu ia fazer com o senador e aí…” Eu disse, rapaz, não existe isso não, isso é desculpa do senador, com todo respeito. Não pode ser feito pela majoritária, por que tu sabe
muito bem que os recursos são vinculados pra… pra o marketing geral… a gente não… a gente não aceita, a gente não admite campanha separada, tem que ser casada. Por uma questão obvia…
DANIEL: Claro!
GILBERTO: Então assim, ele pode muito bem te contratar pra tu fazer o da mulher, agora eu vou conversar com ela, então você não fique conversando essas coisas… aí amigo… agora você já disse que vai procurar a polícia, vai… vai… vai fazer uma denúncia que você tá… fazer uma restrição… ocorrência que você tá ameaçando ele… aí ele pegou e disse: “É, porque eu sei muita coisa”. (ininteligível) o quê? “Sei, eu sei muita coisa!” (ininteligível). Eu não sei…
DANIEL: Hum… hum…
GILBERTO: aí eu disse, rapaz…
HNI: (ininteligível) …é?
DANIEL: Todo mundo já olhou e de cima… cabo a rabo porra…
GILBERTO: Pois é… isso ai, se preocupa não, isso ai…
“Não, vocês estão brincando comigo… vocês estão
brincando comigo! Eu sou um Roberto Jefferson… Eu
sou um Roberto Jefferson!” Ai, assim… eu… eu… eu…
fiquei cauteloso, tal…
DANIEL: É!
GILBERTO: aí depois ele se acalmou, tal… enfim… e eu
conversei com esse aqui…
DANIEL: Contornou, conseguiu contornar!
GILBERTO: Esse aqui… esse aqui disse: “Não… não… tá… tá
sob controle, tá não sei… mas aí eu fiquei curioso, aí eu quero
te perguntar se alguma vez vocês tiveram alguma bronca?
DANIEL: Nunca, nunca nem tive…
GILBERTO: Não, né?
DANIEL: Nada… nada… zero… zero!