Opinião: as pesquisas eleitorais e a guerra de narrativas na Paraíba

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Com várias pré-candidaturas a governador, senador e deputado postas para o debate com tanta antecedência, somadas à recente movimentação do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, que deixou a base aliada do Governo e migrou para a oposição, o cenário político da Paraíba parece nebuloso e difícil de compreender.

Um dos instrumentos científicos mais usados para guiar os passos de quem almeja galgar espaços no poder, ou mesmo entender o comportamento da sociedade, é a pesquisa de intenção de voto, seja ela quantitativa ou qualitativa.

Trata-se de um método extremamente valioso, para quem consegue interpretar seus resultados, capaz de apontar eventuais falhas e dificuldades de uma candidatura, ao ponto de servir de base para montagem de estratégias, que possibilitem otimização de tempo e crescimento na avaliação positiva perante a opinião pública.

Pesquisas sérias apontam resultados confiáveis. E a maioria dos políticos sabe disso. No entanto, o uso desta ferramenta como meio para tentar manipular a opinião das pessoas tem sido cada vez mais comum nas campanhas políticas em todo país.

Na Paraíba vanguardista, os levantamentos eleitorais estão sendo usados de forma muito antecipada. Estamos mais de um ano distante da eleição, mas o que não faltam por aqui são pesquisas apontando resultados das intenções de voto para os mais diversos cargos.

A coisa está tão escancarada que chega a ter uma guerra de pesquisa entre os pré-candidatos. Cada um exibindo como um troféu o resultado da amostragem que lhe favorece.

A partir disto, são formadas narrativas que se espalham entre seus correligionários gerando sentimentos efusivos, mesmo que a realidade não seja de fato aquilo que a tal pesquisa mostra.

É pré-candidato dizendo que ultrapassou outro concorrente, mediante o resultado de um levantamento, enquanto o postulante adversário divulgada o resultado de outra pesquisa lhe colocando na frente.

Tamanha banalização deste instrumento termina por penalizar os institutos sérios e que desenvolvem suas atividades com isenção e compromisso com a realidade fria dos números.

Se não houver um freio neste processo, o descrédito dos eleitores nas pesquisas, que já é gigante, pode alcançar a unanimidade. Até em pesquisa de preço, o cidadão irá desconfiar!